quarta-feira, 27 de outubro de 2010

CAMINHAR DESDE CRISTO


CONGREGAÇÃO PARA OS INSTITUTOS DE VIDA CONSAGRADA E AS SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA

PARTIR DE CRISTO
UM RENOVADO COMPROMISSO DA VIDA CONSAGRADA NO TERCEIRO MILÊNIO

A 16 de Maio de 2002, o Santo Padre aprovou o presente Documento da Congregação para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida apostólica.



Em comunhão com os leigos

31. A comunhão experimentada entre os consagrados leva a uma abertura ainda maior, em relação a todos os outros membros da Igreja. O mandamento de amar-nos uns aos outros, vivido no seio da comunidade, pede ser transferido do plano pessoal àquele que se tece entre as diferentes realidades eclesiais. Somente numa eclesiologia integral, na qual as diversas vocações são tomadas no interior do único Povo de convocados, a vocação à vida consagrada pode redescobrir a sua específica identidade de sinal e de testemunho. Hoje se percebe sempre mais o fato de que os carismas dos fundadores e das fundadoras, tendo sido suscitados pelo Espírito para o bem de todos, devem ser recolocados no próprio centro da Igreja, abertos à comunhão e à participação de todos os membros do Povo de Deus.
Nesta linha, podemos constatar que vai se instaurando um novo tipo de comunhão e de colaboração entre as diversas vocações e estados de vida, especialmente entre os consagrados e leigos.99 Os Institutos monásticos e contemplativos podem oferecer aos leigos uma relação prevalentemente espiritual e os espaços necessários de silêncio e oração. Os Institutos comprometidos com o apostolado podem associá-los em formas de colaboração pastoral. Os membros dos Institutos seculares, leigos ou clérigos, relacionam-se com os outros fiéis nas formas comuns da vida cotidiana.100
A novidade destes anos é, principalmente, a busca, por parte de alguns leigos, de uma participação nos ideais carismáticos dos Institutos. Nasceram daí interessantes iniciativas e novas formas jurídicas de associação aos Institutos. Estamos assistindo a um autêntico reflorescer de antigas instituições, tais como as Ordens seculares ou Ordens Terceiras, e ao nascimento de novas associações laicais e movimentos ao redor das Famílias religiosas e dos Institutos seculares. Se, às vezes, inclusive num passado recente, tal colaboração ocorria como suplência decorrente da falta de pessoas consagradas necessárias ao desenvolvimento das atividades, agora ela nasce da exigência de partilhar as responsabilidades não apenas no gerenciamento das obras do Instituto, mas sobretudo na aspiração a viver aspectos e momentos específicos da espiritualidade e da missão do Instituto. Postula-se, portanto, uma formação adequada dos consagrados, bem como dos leigos, para uma recíproca e enriquecedora colaboração.
Se noutros tempos foram principalmente os religiosos e as religiosas os que criaram, nutriram espiritualmente e dirigiram formas de agremiação de leigos, hoje, graças a uma sempre maior formação do laicado, pode haver uma ajuda recíproca que favoreça a compreensão da especificidade e da beleza de cada um destes estados de vida. A comunhão e a reciprocidade na Igreja jamais se estabelecem num único sentido. Neste novo clima de comunhão eclesial, os sacerdotes, religiosos e leigos, longe de ignorar-se reciprocamente ou de organizar-se somente tendo em vista atividades comuns, podem encontrar a relação justa de comunhão e uma renovada experiência de fraternidade evangélica e de recíproca emulação carismática, numa complementariedade que sempre respeita a diversidade.
Uma semelhante dinâmica eclesial será totalmente vantajosa para a própria renovação e para a identidade da vida consagrada. Quando se aprofunda a compreensão do carisma, descobrem-se-lhe sempre novas possibilidades de atuação.

Roma, 19 de Maio de 2002, Solenidade de Pentecostes.

99Cfr. Vida fraterna em comunidade, 70.
100Cfr. Vita consecrata, 54.

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