terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A FORÇA DA ORAÇÃO

Comentário da Intenção Missionária do mês de dezembro de 2010

A fim de que as Igrejas da América Latina deem prosseguimento à Missão Continental proposta pelos seus bispos, inserindo-a na tarefa missionária universal do Povo de Deus

Em seu livro Jesus de Nazaré, Bento XVI recorda o significado original da palavra evangelho. Geralmente traduzida simplesmente como boa-notícia, mas o seu significado é mais profundo. É proveniente do Império Romano, onde as palavras do imperador eram anúncio de favor e de Salvação para o povo. Depois passou a designar o gênero literário dos escritos que nos deixaram os evangelistas João, Mateus, Marcos e Lucas. Se voltarmos ao seu significado originário, constataremos que somente a Palavra de Jesus é realmente Evangelho. Aquele que é o Verbo Encarnado torna-se Evangelho vivo para nós. A sua pessoa e a sua presença levam a Salvação de Deus aos homens. Cristo, a Palavra do Pai dirigida a toda pessoa, está em busca de uma resposta para poder estabelecer um diálogo de Salvação com os homens.
O Apocalipse recorda-nos o ensinamento de Cristo em relação a todo ser humano: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém, ouvindo a minha voz, abrir a porta, eu entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3,20). Devemos elevar a nossa oração para que os corações de todos os homens se abram a Deus. À medida que nós o deixarmos entrar para jantar conosco, ou seja, abrir a ele a nossa intimidade, Cristo poderá transformar os corações e a sociedade. Cristo é a nossa paz. Ele se tornou nosso irmão, tornando-se homem, tornou-se pequeno, para que a gente não tivesse medo de chegar perto dele, de abrir-lhe a porta e recebê-lo. Ele é para nós a justiça salvadora de Deus. O conceito humano de justiça consiste em dar a cada um aquilo que é seu, mas Deus tem um conceito diferente de justiça. Entregou seu filho à morte por nós, assim o justo morreu pelos pecadores. Aos nossos olhos, a justiça de Deus parece injusta, porque todo homem recebe o contrário daquilo que lhe cabe. O justo assume sobre si a maldição do pecado, e o pecador recebe a bênção que cabe ao justo, mas Deus tem um conceito diferente de justiça. Por isso, afirma Bento XVI, “diante da justiça da Cruz, o homem pode se rebelar, porque ela evidencia que o homem não é um ser autárquico, mas precisa de um Outro, para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, significa isso: sair da ilusão da autossuficiência, para descobrir e aceitar a própria indigência, indigência dos outros e de Deus, exigência de seu perdão e de sua amizade” (Mensagem para a Quaresma 2010).
No Natal, contemplamos o Verbo que se fez carne. A Palavra eterna fez-se pequena, tão pequena, que pôde ficar numa manjedoura. Ele se fez criança, e com um rosto que podemos ver, Jesus de Nazaré (cf. Verbum Domini, 12). “Veio entre os seus, e os seus não o acolheram. Àqueles que o acolheram, deu o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,11-12). Somente graças à filiação divina, podemos chegar a sermos irmãos. Somente quando existe um Pai, pode haver uma fraternidade. Para que Cristo nos torne filhos, agora podemos ser irmãos.
Rezemos para que Maria nos ensine a escutar a Palavra, a mantê-la no coração e dar a ela corpo, para que Cristo seja visível em nós para os nossos irmãos.


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