quarta-feira, 21 de julho de 2010

TOCAREI A HARPA DE DEZ CORDAS


Tocarei a harpa de dez cordas depois de dez, vinte, trinta anos ou mais de consagração!

É importante descobrir a nossa alma canora como consagradas: cada consagrado canta, toca e dança, agradece o Senhor pelos anos de vida, descobre a cada dia o dom da vocação, um grande dom.

Todos os nossos anos, todos os eventos devem novamente ressoar como uns cantos de louvor mesmo se existem algumas cordas desafinadas, os pequenos e os grandes desprazeres, as provas, as desilusões, que com a graça de Deus podemos afinar. Elas não devem nos atolar, não devem fazer com que percamos a alegria. Muitas vezes, ao invés, com o passar dos anos encontramo-nos a louvar a Deus exatamente por estas coisas e não por outras que para nós são difíceis, nos empobrecem.

Da leitura quotidiana da Palavra de Deus sabemos bem que a verdadeira postura bíblica é a alegria, a exultação: uma postura profunda, autêntica como a de nosso pai e mestre D. Bosco. Onde podemos colher esta alegria, certamente não de nós mesmos, mas da fé em Deus que nos doa na oração paciente e vigilante. Esta alegria é o segredo profundo da vida consagrada, é o sinal que nossa relação com Deus, com as mediações no Instituto e com o próximo é correta.

Certamente o canto no início de nosso caminho de consagração é fácil, mas paulatinamente o fôlego para cantar se torna pouco e devemos pedir ao Senhor a mesma graça que fez cantar Maria com entusiasmo, seja no nascimento de Jesus quando Simeão profetizou-lhe a espada, seja quando Jesus foi embora de casa, seja quanto estava sob a cruz. Exatamente por esta graça Maria nunca perdeu a convicção do seu primeiro “sim” e nunca pensou que tinha errado quando não conseguia compreender a vontade do Pai. Maria deve ser o nosso modelo sempre: devemos olhar para ele para colher a força e a coragem e para aprender a fé e humildade da oração.

O Pai deseja que todo o nosso ser vibre por Ele no canto e na alegria e nos espera sempre, como aquele pai esperava o filho que se tinha distanciado e nos acolhe e nos ajuda sempre. A nossa alegria, recomendada por D. Bosco, se fundamenta neste amor proveniente do Pai e na consciência que Cristo, que nós seguimos, cantou antes da Paixão, venceu o pecado e a morte abandonando-se ao Pai. Certamente ao canto do Salmo 118 acrescentou-se a angústia que se transformada em um grito: “Passe longe de mim este cálice, mas não como quero eu, mas como queres tu!” (Mt 26,39). É sempre a mesma alma de Jesus que canta. O que pode amedrontar-nos e enfraquecer nosso canto de louvor ao Senhor?Deus prepara minhas mãos para a batalha (cf. Sal 144) da fé, do sacrifício, da dedicação; nada ofuscará a alegria do canto se o Senhor é comigo! Esta alegria que nos é dada pela confiança no Senhor não é somente um bem nosso, que nos faz superar as dificuldades, as provas com serenidade, mas é também a nossa missão.

Aqueles que vivem ao nosso redor, nossa família, nossos colegas, nossas irmãs do Grupo esperam algo de nós; podemos ajudá-los, sobretudo com o testemunho da serenidade da alma bíblica, ou podemos desiludi-los com nossa desconfiança, com o nosso mau humor. Especialmente neste mundo onde reina a luta, a violência, a incredulidade e a indiferença, nós consagradas devemos tocar todas as cordas da harpa para dar esperança que vem de DEUS.

No Grupo, para quem possui qualquer ano a mais, é exatamente o testemunho de serenidade, de alegria mesmo com os achaques e as dificuldades, o testemunho da segurança que nos sentimos no lugar justo, aquele que deseja o Senhor para nosso bem e para o dos outros, dá esperança às irmãs, especialmente às mais jovens que encontram as primeiras dificuldades nesta aventura maravilhosa. Não censuremos o canto entusiástico delas, mas nos devemos unir ao seu agradecimento ao Senhor pelo dom da vocação, vivendo-o cada dia com a mesma maravilha que Maria exprime no Magnificat pelas grandes coisas que Deus realiza em nós cada dia. Seremos assim fiéis ao nosso “sim” e ajudaremos as irmãs a viver com fidelidade o próprio “sim” e certamente o nosso canto fará aproximar outros jovens que desejarão descobrir a fonte desta alegria e colhê-la.


Dora-VDB
De: E-Dioalogue nº 05 ano 2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário