terça-feira, 1 de março de 2011

MENSAGEM DO REITOR MOR PARA O BOLETIM SALESIANO

Bem-aventurada ALEXANDRINA MARIA DA COSTA (1904-1955)
A fecundidade do "…cetera tolle"
A vocação de uma Salesiana Cooperadora

O sábado santo, num pequeno lugarejo chamado "Calvário", município de Balasar (Portugal), marca a vida desta mulher extraordinária que refulge entre as maiores almas místicas da história da Igreja no nosso tempo. Naquele dia, Alexandrina, sua irmã Deolinda e uma jovem aprendiz estão imersas no trabalho de costura, quando percebem que três homens tentam entrar no quarto delas. Apesar de as portas estarem fechadas, os três conseguem forçar as portas e entram. Alexandrina, para salvar sua pureza ameaçada e a sua dignidade de mulher e filha de Deus, não hesita e se lança da janela, de uma altura de quatro metros. As consequências são terríveis, embora não imediatas. De fato, as várias consultas médicas a que se submete diagnosticam com sempre maior clareza um fato irreversível. Até os dezenove anos consegue arrastar-se à igreja onde, com grande admiração do povo, toda recurvada, permanece com grande gosto. Depois, a paralisia vai progredindo sempre mais, até que as dores se tornam intensíssimas, as articulações perdem os movimentos e ela fica completamente paralítica. É o dia 14 de abril de 1925, quando Alexandrina se põe no leito para não mais se levantar pelos restantes trinta anos da sua vida. Até 1928, ela não deixa de pedir ao Senhor, mediante a intercessão de Nossa Senhora, a graça da cura, prometendo que, se ficasse curada, seria missionária. Entretanto, ao perceber que o sofrimento é a sua vocação, ela o abraça prontamente: "Nossa Senhora concedeu-me uma graça ainda maior. Antes, a resignação; depois, a completa conformidade à vontade de Deus; e, enfim, o desejo de sofrer".
São desse período os primeiros fenômenos místicos, quando Alexandrina inicia uma vida de grande união com Jesus nos Tabernáculos, mediante Maria Santíssima. Certo dia, no qual se vê sozinha, vem-lhe improvisamente este pensamento: "Jesus, és prisioneiro no Tabernáculo, e eu, no meu leito, pela tua vontade. Faremos companhia recíproca". Desde então, começa a primeira missão: ser como a lâmpada do Tabernáculo. Passa suas noites como a peregrinar de Tabernáculo em Tabernáculo. Em cada missa, oferece-se ao Eterno Pai como vítima pelos pecadores, junto de Jesus e segundo as suas intenções. Cresce sempre mais nela o amor ao sofrimento, na medida em que a vocação de vítima se faz sentir de maneira mais clara. Emite o voto de fazer sempre o que for mais perfeito.
A partir de 1935, com o jesuíta padre Mariano Pinho, seu primeiro diretor espiritual, é a porta-voz de Jesus junto ao Santo Padre para que o mundo, ameaçado pela segunda guerra mundial e pela difusão do ateísmo, seja consagrado à Virgem Mãe. "Assim como pedi a S. Margarida Maria a consagração do mundo ao meu Coração divino, eu te peço que ele seja consagrado ao Coração da minha Mãe santíssima". O sinal dado pelo Senhor para convalidar a origem divina deste pedido é a sua Paixão revivida em Alexandrina de sexta-feira 3 de outubro de 1938 a 24 de março de 1942, ou seja, por 182 vezes. Alexandrina, superando o estado habitual de paralisia, desce do leito e com movimentos e gestos acompanhados de dores angustiantes, reproduz os diversos momentos da Via Sacra, por três horas e meia. "Amar, sofrer, reparar" é o programa que o Senhor lhe indica.
Depois de Pio XII ter consagrado o mundo ao Coração Imaculado de Maria, cessa em Alexandrina a Paixão de Jesus de forma visível, que continua interiormente por toda a vida. Na semana santa daquele mesmo ano, 1942, inicia o jejum total que se prolonga até sua morte, em 13 de outubro de 1955. Sua vida é um milagre eucarístico vivo. Jesus disse-lhe: "...Faço com que vivas somente de Mim, para provar ao mundo o quanto vale a Eucaristia, ou seja, que é a minha vida nas almas: luz e salvação para a humanidade".
Em 1944, o novo diretor espiritual, o salesiano padre Humberto Pasquale, inscreve-a na União dos Salesianos Cooperadores e ela faz colocar o seu diploma de Cooperadora "num lugar em que possa tê-lo sempre sob os olhos", para colaborar com a sua dor e com as suas orações na salvação das almas, sobretudo juvenis. Em 12 de setembro do mesmo ano, o padre Humberto inscreve-a na Associação dos devotos de Maria Auxiliadora.
Apesar dos sofrimentos, ela continua a interessar-se e prodigalizar-se em favor dos pobres, do bem espiritual dos paroquianos e de muitas outras pessoas que a ela recorrem. Em 13 de outubro de 1955, aniversário da última aparição de Nossa Senhora de Fátima, ouve-se esta sua exclamação: "Sou feliz, porque vou para o céu". Em seu túmulo leem-se as palavras desejadas por ela: "Pecadores, se as cinzas do meu corpo podem ser úteis para vos salvar, aproximai-vos, passai sobre elas, pisai sobre elas até que desapareçam. Mas não pequeis mais; não ofendei mais o nosso Jesus!". É a síntese da sua vida gasta exclusivamente para salvar as almas. No Porto, à tarde do dia 15 de outubro os floristas ficam sem rosas brancas: são todas vendidas. Homenagem floreal a Alexandrina, que fora a rosa branca de Jesus. O seu coração, justamente porque unido ao Coração de Jesus, até a mística identificação com Ele, dilatou-se sem medidas e abraçava a todos, comovia-se por tudo, identificava-se com tudo o que era do próximo e dava sempre e dava-se completamente. Seus conterrâneos, à sua morte, vestiram-se de luto por um mês e comentavam: "Morreu a mamãe de Balasar!"



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